Os impactos dos jogos de aposta na saúde mental

Os jogos de aposta se tornaram uma forma popular de entretenimento, principalmente com o crescimento das plataformas online. 

A promessa de ganhos rápidos e a emoção do risco atraem milhões de pessoas ao redor do mundo. Porém, o que muitos não percebem é que essa prática pode ter consequências sérias para a saúde mental, além de seu impacto financeiro. 

Neste artigo, vamos compreender como os jogos de aposta funcionam, os riscos envolvidos e as repercussões que podem surgir. 

O que são jogos de aposta?

Sob a fachada das telas de smartphones, uma verdadeira epidemia está em ascensão, muitas vezes invisível até que as pessoas se vejam à beira da ruína emocional e financeira. 

Antes associada a cassinos físicos e máquinas de jogos, a dependência do jogo agora se espalha de maneira silenciosa, atingindo aqueles que buscam apenas um pouco de diversão. 

Os jogos de aposta, por seu turno, envolvem o risco de perder dinheiro ou bens materiais em troca de uma possível recompensa. Isso inclui desde jogos de cartas, como pôquer, até loterias, apostas esportivas e cassinos online. 

A lógica é simples: você investe um valor, esperando que a sorte esteja ao seu lado para ganhar mais. No entanto, o fator sorte e as probabilidades nem sempre estão a favor do jogador, o que pode levar a perdas significativas.

Sinais da dependência dos jogos de aposta

Muitas pessoas começam a jogar por diversão, mas algumas podem se ver presas em um ciclo de dependência. Esse ciclo é caracterizado pela tentativa de recuperar perdas em apostas anteriores, um comportamento frequentemente denominado “tilt” ou “apostar em desespero”.

Estudos, como os citados pela BBC News, demonstram que o cérebro libera dopamina – um neurotransmissor associado ao prazer – durante o jogo. Esse processo é similar ao que ocorre com o uso de substâncias químicas, criando uma sensação de recompensa que incentiva a repetição do comportamento.

Embora eu evite rotular comportamentos, é importante mencionar que o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) reconhece os transtornos relacionados aos vícios em jogos. 

Esses comportamentos persistentes e recorrentes podem causar sofrimento e comprometimento significativo na vida do indivíduo. Para reconhecer esse quadro, é necessário observar quatro ou mais dos seguintes critérios em um período de 12 meses:

  • Necessidade de apostar quantias crescentes para alcançar a excitação desejada;
  • Inquietude ou irritabilidade ao tentar reduzir ou interromper o jogo;
  • Esforços repetidos e mal sucedidos para controlar ou interromper o hábito de jogar;
  • Preocupação constante com o jogo, incluindo pensamentos persistentes sobre experiências passadas;
  • Jogo frequente em momentos de angústia, como impotência, culpa, ansiedade ou depressão;
  • Perda de relacionamentos significativos devido ao jogo;
  • Dependência de outras pessoas para obter dinheiro a fim de resolver problemas financeiros causados pelo jogo.

Além do citado acima, é interessante notar que a prevalência ao longo da vida do transtorno varia entre os sexos, sendo de 0,2% para mulheres e 0,6% para homens.

Riscos e consequências dos jogos de aposta

O vício em jogos pode ocorrer na adolescência ou no início da idade adulta, embora alguns indivíduos possam desenvolvê-lo na meia-idade ou na idade avançada.

Geralmente se desenvolve ao longo de anos, com a progressão sendo mais rápida em mulheres do que em homens. Os indivíduos, por sua vez, frequentemente, demonstram um padrão de jogo que aumenta gradualmente em frequência e valor das apostas.

Os tipos de jogos mais problemáticos tendem a ser específicos para cada indivíduo. Por exemplo, uma pessoa pode jogar raspadinhas diariamente, enquanto outra pode optar por máquinas caça-níqueis ou jogos de cassino. 

Além disso, os padrões de jogo podem ser regulares ou episódicos. O comportamento pode intensificar-se em períodos de estresse ou durante o uso de substâncias, podendo ocorrer episódios de jogo intenso seguidos por períodos de abstinência ou de jogo não problemático. 

Desse modo, os jogos de aposta podem trazer várias consequências negativas, tanto no campo financeiro quanto no emocional. Entre os principais riscos, destacam-se:

  • Dívidas: as perdas financeiras podem ser grandes, resultando em dívidas e problemas no orçamento familiar.
  • Estresse e ansiedade: a pressão para recuperar o dinheiro perdido e o medo de novas derrotas geram altos níveis de estresse.
  • Relacionamentos abalados: os problemas com dinheiro, combinados com a obsessão pelos jogos, podem afetar os relacionamentos familiares e sociais.

A importância do suporte psicológico

Superar o vício em jogos de aposta é um processo desafiador, mas absolutamente possível. 

O sofrimento que essa dependência pode causar é profundo, afetando não apenas a vida financeira do indivíduo, mas também sua saúde mental e seus relacionamentos. Esse vício leva a um ciclo de vergonha e culpa, criando um estado emocional debilitante que pode culminar em problemas sérios, como depressão, ansiedade e solidão.

Além do mais, as comorbidades são comuns entre aqueles que lutam contra o vício em jogos. Indivíduos com esse transtorno frequentemente apresentam taxas elevadas de outros problemas de saúde mental, como transtornos de ansiedade, transtornos depressivos e distúrbios de personalidade. 

Esses fatores podem agravar a situação, criando um ciclo vicioso de autoavaliação negativa e desespero.

Diante disso, a psicoterapia desempenha um papel essencial em todas as etapas desse processo de superação. A psicologia positiva, em particular, pode ser uma ferramenta poderosa nesse contexto. 

Ela ajuda os indivíduos a identificar e modificar padrões de pensamento disfuncionais que sustentam o comportamento de jogo, promovendo uma mentalidade mais saudável e resiliente. 

Através de técnicas de reestruturação cognitiva, os terapeutas podem auxiliar os pacientes a reformular suas crenças sobre o jogo, substituindo pensamentos autocríticos por uma autoimagem mais positiva e fortalecedora.

Se você ou alguém próximo está enfrentando dificuldades para controlar o hábito de jogar, procurar ajuda pode ser o primeiro passo para a superação. A mudança é possível, e o apoio profissional é fundamental nesse processo. 

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Conclusão

Os jogos de aposta, inicialmente vistos como uma forma de entretenimento, revelam um potencial devastador para a saúde mental, conforme discutido ao longo deste artigo. 

O vício pode levar a sérias consequências, abrangendo desde problemas financeiros até crises emocionais profundas. 

A solidão, a vergonha e a culpa que frequentemente acompanham essa dependência tornam a vida insuportável e podem resultar em comorbidades que agravam ainda mais a situação.

Entretanto, a superação é possível. O apoio psicológico, especialmente por meio da psicologia positiva, apresenta uma abordagem eficaz para romper esse ciclo de sofrimento. 

Trabalhando juntos para desmantelar crenças disfuncionais e fortalecer a autoconfiança, é viável recuperar o controle da vida e trilhar um caminho em direção a um futuro mais saudável e satisfatório.

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Vícios: como Identificar, entender e superar o ciclo

Nos últimos tempos, temos ouvido muito sobre ciclos viciosos que permeiam a sociedade, desde o aumento do vício em jogos de aposta, que afeta um número crescente de brasileiros, até as graves compulsões alimentares, como bulimia e anorexia, frequentemente exaltadas nas redes sociais. 

Esses comportamentos revelam a complexidade das lutas que muitas pessoas enfrentam em suas vidas. Diante disso, surge a importância de nos questionarmos: o que são vícios e o que são compulsões? 

Compreender essas nuances é fundamental para lidar com os desafios que elas impõem à saúde mental e física, uma vez que esses ciclos, muitas vezes incontroláveis, geram sofrimento e impactam negativamente as relações pessoais, sociais e profissionais.

Afinal, o que é vício?

De acordo com a cartilha do Comitê Nacional de Saúde e Qualidade de Vida dos Institutos Federais, a Organização Mundial da Saúde (OMS) define vício como uma doença física e psicoemocional que se manifesta por meio de hábitos repetitivos que geram prejuízos à vida do indivíduo e daqueles que convivem com ele. 

O vício pode ser classificado em duas categorias: dependências químicas, como o uso de álcool e drogas, e dependências comportamentais, que incluem atividades como jogos, apostas, compras e o uso excessivo de redes sociais. 

Esse comportamento envolve a repetição de ações ou o uso de substâncias, mesmo diante das consequências negativas que isso pode acarretar. 

Com o tempo, a pessoa se vê perdendo o controle sobre a situação, desenvolvendo uma necessidade cada vez maior de repetir o comportamento para alcançar o mesmo nível de prazer ou alívio.

Quando os vícios se tornam um problema?

Os vícios se tornam problemáticos quando começam a interferir nas atividades diárias, relacionamentos e no bem-estar emocional do indivíduo. Alguns sinais de que um comportamento pode estar se tornando uma dependência incluem:

  • Perda de controle: incapacidade de reduzir ou interromper o comportamento, apesar de tentativas conscientes;
  • Sintomas de abstinência: sentimentos de ansiedade, irritabilidade ou depressão quando não se pode acessar a substância ou atividade;
  • Prejuízo funcional: o comportamento afeta negativamente a vida pessoal, profissional ou social, levando ao isolamento ou ao comprometimento de responsabilidades;
  • Uso em excesso: o tempo gasto na atividade ou consumo da substância é desproporcional em relação aos benefícios percebidos, levando a um ciclo de compulsão.

Vício é a mesma coisa que compulsão?

Segundo Dalgalarrondo (2008), os atos compulsivos são reconhecidos pelo próprio indivíduo como indesejáveis e inadequados, com uma constante tentativa de resistir ou adiar sua realização. 

Esses atos podem variar de ações simples, como arranhar-se, a rituais complexos, como a lavagem repetitiva das mãos. Embora a compulsão ofereça alívio temporário, ela é geralmente seguida pelo retorno do desconforto, criando um ciclo difícil de romper. 

Os comportamentos compulsivos são egodistônicos, ou seja, são percebidos como contrários aos valores pessoais, intensificando a angústia do indivíduo. A luta interna é marcante, pois a pessoa tenta resistir ao impulso, diferentemente do que ocorre em um ato impulsivo, que se dá sem reflexão. 

O alívio após a realização do ato é efêmero, levando rapidamente ao desejo de repetição. Além disso, esses comportamentos estão frequentemente associados a ideias obsessivas que geram ansiedade.

Impulsividade e compulsão: qual a diferença?

Enquanto as compulsões envolvem uma luta interna, onde a pessoa tenta resistir ao comportamento repetitivo, a impulsividade é caracterizada por ações imediatas, sem que o indivíduo faça um esforço consciente para refrear o impulso. 

A impulsividade se manifesta em decisões e comportamentos rápidos e sem planejamento, muitas vezes levando a consequências negativas. 

Ao contrário das compulsões, que são geralmente reconhecidas como indesejáveis, os atos impulsivos costumam ocorrer sem uma análise prévia de suas implicações.

Malefícios dos vícios

As características dos vícios podem resultar em consequências devastadoras na vida de um indivíduo, impactando significativamente sua saúde e bem-estar. 

O uso excessivo de substâncias, como álcool ou drogas, está associado a doenças crônicas, problemas cardiovasculares e complicações no sistema imunológico, comprometendo a saúde física de maneira severa. 

Além do mais, comportamentos como o vício em jogos de aposta ou compulsões alimentares estão frequentemente relacionados a altos níveis de estresse, ansiedade e depressão, intensificando o sofrimento emocional e a sensação de solidão. 

Um fenômeno contemporâneo observado com crescente frequência, citando caso análogo, é a dependência de internet, que inclui o uso excessivo de jogos, redes sociais, sites eróticos e plataformas de compras. 

Conforme abordado no livro “Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais”, diversos fatores de risco estão associados à dependência de internet e videogames. 

Esses fatores incluem ser do sexo masculino, ter uma idade mais jovem, apresentar uma renda familiar mais alta e dedicar um tempo excessivo online, especialmente em aplicativos de jogos e redes sociais. 

Para mais, características como neuroticismo e solidão também contribuem para o desenvolvimento dessa adversidade. Muitas vezes, esses indivíduos apresentam sintomas comórbidos, como depressão e ansiedade, além de outros distúrbios psicopatológicos.

Como vencer os vícios

Superar vícios é um processo desafiador, frequentemente marcado por obstáculos emocionais e comportamentais.

Embora a luta contra esses comportamentos possa parecer solitária e angustiante, é fundamental lembrar que a mudança é possível. A psicologia positiva oferece estratégias eficazes para auxiliar nesse percurso. 

Como afirmado por Martin Seligman em seu livro “Florescer: uma nova compreensão da felicidade e do bem-estar”, esse movimento científico se concentra nas qualidades humanas e no funcionamento positivo do cérebro, promovendo a felicidade e a satisfação com a vida.

Os cinco pilares da Psicologia Positiva — emoções positivas, engajamento, relacionamentos, significado e realização — são essenciais para o bem-estar e podem ser aplicados na superação de vícios.

Cultivar emoções positivas, a título de exemplo, pode ajudar a desviar a atenção dos comportamentos prejudiciais, enquanto o engajamento em atividades significativas cria uma nova perspectiva e promove relacionamentos saudáveis.

Dessa forma, o primeiro passo para a transformação é o autoconhecimento e a autoconsciência. Compreender os próprios sentimentos, gatilhos e padrões de comportamento é essencial.

Essa reflexão sobre motivações e consequências cria uma base sólida para a mudança, permitindo que o indivíduo identifique momentos de vulnerabilidade e reconheça as situações que o levam a agir de maneira compulsiva.

Ademais, definir metas realistas é crucial. Estabelecer objetivos específicos e alcançáveis ajuda na recuperação, pois o foco em pequenos passos constrói confiança e promove um senso de realização ao longo do caminho.

Procurar suporte de amigos, familiares ou grupos de apoio pode fazer uma diferença significativa na jornada de recuperação. O compartilhamento de experiências e o suporte emocional proporcionam um ambiente acolhedor, onde o indivíduo se sente compreendido e apoiado.

As práticas de autocuidado não devem ser negligenciadas. Cuidar da saúde física e mental é vital para fortalecer a resiliência emocional. Atividades como exercícios físicos, alimentação saudável e um sono adequado são fundamentais para o bem-estar geral, criando uma base sólida para enfrentar os desafios.

Por fim, a intervenção psicoterapêutica desempenha um papel crucial nesse processo. A psicoterapia positiva oferece um espaço seguro para explorar os desafios enfrentados, promover o bem-estar e desenvolver habilidades de enfrentamento.

Buscar ajuda profissional é um passo importante para quem deseja vencer vícios e compulsões, pois um terapeuta pode orientar e apoiar o indivíduo na construção de estratégias personalizadas para sua recuperação.

Se você ou alguém que conhece está enfrentando dificuldades, estou aqui para ajudar. Agende uma consulta e vamos trabalhar juntos para melhorar sua qualidade de vida. Clique abaixo.

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Como vimos ao longo do texto, os vícios são desafios que merecem nossa atenção e compreensão. 

Eles não se limitam a comportamentos isolados, mas se entrelaçam com as nuances da saúde mental e emocional, impactando a qualidade de vida e as relações interpessoais. Reconhecer a complexidade dessas questões é o primeiro passo para enfrentá-las.

A boa notícia é que, com autoconhecimento e apoio, é possível romper esses ciclos viciosos. A psicologia positiva nos oferece ferramentas e estratégias que podem facilitar essa jornada de transformação. 

Ao buscar ajuda profissional e desenvolver uma rede de suporte, os indivíduos podem encontrar caminhos para uma vida mais plena e satisfatória.

Lembre-se de que não estamos sozinhos nessa luta; existem recursos e pessoas dispostas a ajudar. 

Se você ou alguém que você conhece enfrenta esses desafios, saiba que a recuperação é possível e que cada passo em direção ao bem-estar é um avanço significativo.

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